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Esportes: retorno aos treinos e competições pós-COVID

O mundo dos esportes profissionais foi impactado pela pandemia do COVID-19. Igualmente, no universo dos esportes amadores: milhares de apaixonados pela corrida de rua e tantos outros esportes, doidinhos para voltarem plenamente aos treinos e provas se deparam com o risco de contágio mesmo após mais de 3 meses de quarentena.

E surgem as perguntas:

  • Quais os riscos de se exercitar como portador assintomático (ou seja, a pessoa não sente nada mas está infectado por COVID-19)?
  • Quando poderá voltar a treinar em alta intensidade quem teve a infecção por COVID-19?
  • Durante a infecção por COVID-19 eu devo me exercitar?

E para responder é importante se conhecer um pouco de dos riscos das infecções virais ao coração:

A inflamação do músculo cardíaco (chamada de miocardite), as arritmias cardíacas, a inflamação das artérias, o infarto do miocárdio e as complicações tromboembólicas de veias e artérias têm sido descritas em infecções virais em geral. Assim sendo, a miocardite é a complicação mais frequente, porém costuma ter diagnóstico tardio, quando o coração já se apresenta dilatado e com a força de contração reduzida (com disfunção sistólica) e a pessoa percebe cansaço aos esforços, caracterizando a insuficiência cardíaca.

Todavia, miocardite pode ser fatal desde a fase aguda, sendo conhecida causa de morte súbita em atletas profissionais e amadores.

Em outras palavras, O COVID-19 pode afetar o coração?

Pois sim. Aparentemente, 20 a 30% dos casos de pacientes internados por infecção pelo COVID-19 apresentam sinais de lesão cardíaca.

Estou com COVID-19. Devo malhar?

Não. Você não deve malhar ou treinar. Se você apresenta sintomas sugestivos de COVID-19 OU teste positivo: você deve fazer repouso por 2 semanas ou mais, se os sintomas se estenderem.

Os exercícios físicos aumentam a passagem de sangue pelo coração, o que poderia facilitar a migração dos vírus para as células do coração, provocando lesões cardíacas desse modo.

Tive COVID-19. Como saber se a infecção por COVID-19 afetou o coração?

Se você teve sintomas de infecção por COVID-19 (com ou sem teste confirmatório) faça uma AVALIAÇÃO CARDIOLÓGICA antes de voltar a se exercitar. Especialmente se você precisou ficar internado.

A agressão do coração pelo novo coronavírus pode gerar manifestação clínica (como cansaço, dor no peito, coração acelerado, inchaço nas pernas) ou pode não ter manifestação clínica nenhuma. Por isso é tão importante a investigação médica com foco na saúde do coração após a infecção por COVID-19 ter sido suspeita ou confirmada.

E como é a avaliação médica após infecção por COVID-19 para voltar a treinar?

A avaliação médica pré-participação esportiva no contexto da pandemia visa detectar algum indício de lesão cardíaca causada pela infecção pelo novo coronavírus e, portanto, situação de risco à volta dos treinos.

Assim, a avaliação médica vai pesquisar a história suspeita ou confirmada de infecção por COVID-19 e de gravidade dos sintomas, histórico médico individual, exame físico com ênfase cardiovascular e a realização de exames complementares.

Os exames podem revelar lesão atual, recente ou eventuais sequelas. Exames de sangue (troponina, NT-pro-BNP) ou exames cardiológicos (eletrocardiograma, ecocardiograma ou ressonância nuclear magnética) são exemplos de exames que podem ser necessários, a depender de critério médico para cada caso.

Quem deve fazer exame de rastreio para COVID-19?

Atletas profissionais devem fazer testes para COVID-19 antes de retomarem o treino intenso, mesmo que nunca tenham tido suspeita de infecção por esse vírus.

O teste de rastreio para atletas amadores e exercitantes deve ser considerada, conforme avaliação médica individualizada, considerando o volume e a intensidade dos treinos. Quanto mais parecida com a rotina de um atleta profissional, maior a vantagem em se rastrear a presença do vírus.

Essa medida é justamente para se evitar que portadores assintomáticos estejam sob risco de lesão cardíaca ao se exercitarem.

Além disso, outro aspecto é a potencial transmissibilidade de COVID-19 por quem é portador assintomático. Num cenário de desconhecimentos sobre esse vírus sob muitos aspectos, sabemos de duas coisas: esse vírus é altamente contagioso e potencialmente fatal. Em outras palavras: Já imaginou você sem querer carrear esse vírus por aí e contaminar a alguém que pode evoluir de forma grave, com risco até de morrer?

Pois é… A situação é grave, realmente. E a consciência de quem já se cuida, se exercitando por aí, é fundamental para evitar a propagação do vírus. Somos todos responsáveis.

Isso explica porque devemos usar máscaras fora de nossas residências. Inclusive ao se exercitar. Você é responsável por se proteger e por proteger o outro. Antes que você se desespere, SIM, temos texto sobre o uso de máscaras durante o exercício. (link)

“Meu teste para COVID foi negativo” OU “não tenho sintomas, sinto-me bem”. 

Que ótimo! Mantenha os treinos com máscaras e esteja atento a surgimento de sintomas.

São sinais de alerta cardiovasculares:

  • palpitação (taquicardia, coração acelerado)
  • dor no peito
  • sensação de desmaio ou desmaio
  • tontura
  • cansaço desproporcional ao esforço realizado.

Nesse sentido, se você perceber qualquer anormalidade, pare de treinar e busque atendimento médico.

E enquanto não temos vacina contra o novo coronavírus… siga prevenindo o contágio:

E, claro: observe as recomendações de isolamento social do seu município; lave as mãos com frequência; use álcool em gel, use máscara e não toque no seu rosto.

E aí? Essas dicas foram boas para você? Envie essa postagem a quem precisa saber sobre segurança no retorno aos treinos.

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Enquanto isso, não fique parado! Mexa-se com segurança e ganhe saúde!

Observação: Em suma, meus amigos, as recomendações que trago aqui são minha opinião como cardiologista e médica do esporte, nesta data de publicação, baseadas em artigos observacionais, casos clínicos publicados e opiniões de especialistas de todo o mundo. Assim sendo, as evidências científicas ainda não são suficientes para afirmações consistentes, o melhor é termos cautela no retorno aos treinos após infecção por COVID-19. Somamos conhecimentos a cada dia. Esteja ligado em obter informações de fonte confiável e atualizada e, inclusive, com capacidade de voltar atrás e desdizer, se preciso for. Tenha um norte: sua saúde e segurança em primeiro lugar, sempre.

LinkedIn: Fabiula Schwartz

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